quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

SANS PAROLES


Preciso abrir mão das palavras.
Elas pesam demais. Exigem demais de mim.
Desconfio que me traem.

Preciso libertar-me do peso das palavras,
substituí-las por gritos e sussurros
que falem melhor de mim.

As palavras fogem da verdade,
afundam-me no lodo do abismo.
O que procuro nelas?
Decifrar o que a mim não se revela nunca?

Tento explicar o meu querer errante
e as palavras me deixam de mãos vazias,
coração vazio.

Acerto no gesto, erro na palavra.
Mudo é o meu destino.

Te perdi pela palavra? Estou perdido.

Apenas um canto sem palavras nesta hora vaga.
Voz que não se pronuncia: um sopro.

Procuro loucamente um verbo intransitivo,
absoluto,
que depois dele sobrevenha a calma,
e o silêncio.

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